O governo muda, a diversificação não

Muitos representantes do mercado seguem com uma visão extremamente pessimista em relação ao Brasil, muito pelo fato do atual governo não ter dado indicações de que será comprometido com a questão fiscal do país. Eu sigo, nesse momento, menos pessimista que a maioria dos agentes do mercado financeiro devido aos fatores que listarei a seguir:

  • Reformas, o atual governo sabe que é preciso fazer uma reforma tributária e muito provavelmente ano que vem será encaminhada uma reforma para descomplicar nosso sistema tributário. Com isso será esperado ganho de produtividade e melhora no ambiente de negócios brasileiros com impacto no longo prazo.
  • Reforma administrativa, é muito provável que o governo mande também no ano que vem uma reforma administrativa para o congresso, o que fará com que o país economize e ganhe produtividade no longo prazo também e gere efeitos fiscais positivos.
  • O Brasil está em uma boa situação quando comparado a outros emergentes. Imagine que você é um investidor internacional e quer investir em algum país emergente, você olha para a situação de alguns, primeiro você olha a Rússia, o país está em guerra, sofrendo fortes sanções internacionais e sem uma perspectiva de melhora. O Peru sofreu uma tentativa de golpe de estado, Argentina está passando por grave crise financeira já faz alguns anos e atualmente sem perspectiva de melhora. Venezuela que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, senão a maior, virou um estado autocrático que tem falta de combustível, crise severa, hiperinflação etc.

 

É bem possível, quase dado como certo na verdade, que o EUA sofra com uma recessão, o que fará com que o resto do mundo sofra também, portanto para o mundo as perspectivas não são muito boas.

Mesmo tendo uma crise quase certa nos EUA eu indico que compre dólar, invista em boas empresas dos EUA, pois é um país institucionalmente muito forte.

Sobre o Brasil, acredito que o nível de atenção atualmente deve ser redobrado, principalmente em relação ao andamento das reformas citadas anteriormente. Mas esses problemas de confiança geram oportunidades enormes na renda variável, e por isso não irei me posicionar apenas em renda fixa para aproveitar a alta taxa de juros, até porque ainda acho que há espaço para aumento da SELIC, até uns 15% ou 16%. Sobre fundos imobiliários, normalmente o aumento dos juros causa impacto na cotação dessa classe de ativos, e no momento eles seguem penalizados. A lógica é simples: porque comprar FII e receber 9% a.a quando posso comprar títulos sem risco e receber mais de 10% a.a “sem risco”. A questão é que FII não são apenas dividendos sendo pagos, são imóveis e esses imóveis, na média apresentarão boa valorização, portanto vejo que o atual momento apresenta boas oportunidades no mercado de FIIs, e oportunidades das quais eu não ficarei de fora. Outro ponto importante é que, na minha visão, a taxa alta de juros é cíclica, uma hora ela vai voltar a abaixar, e quando isso ocorrer as cotações de ações e FIIs irão se valorizar.

Resumindo todas as ideias acima, eu sigo neutro em relação ao novo governo, não acho que o Brasil vai se tornar uma Venezuela ou uma Argentina, mas nem por isso vou deixar todo o meu patrimônio no Brasil. Não vou apenas encher minha carteira de renda fixa apenas pelo fato de a taxa de juros estar alta pois vejo que em um horizonte de médio prazo a tendência é de queda das taxas e de ganho excepcional com algumas ações e FIIs.

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