Tempestade Econômica no Horizonte?

O cenário macroeconômico está atualmente repleto de turbulências. As taxas de juros do Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, estão em níveis elevados, gerando pressão nos ativos de risco ao redor do mundo. Muitos analistas argumentam que o aumento das taxas nos EUA inevitavelmente resultará em uma queda na bolsa de valores brasileira. No entanto, essa correlação direta entre a bolsa e as taxas de juros americanas é mais complexa do que parece. Embora tenhamos observado essa tendência recentemente, uma análise de dados de duas décadas revela que essa relação nem sempre se mantém. No entanto, esse não é o foco principal deste texto.

A questão essencial é a seguinte: o FED geralmente ajusta as taxas de juros para controlar a inflação ou estimular a economia. A lógica por trás disso é simples: quanto menor a taxa de juros básica, menor é o incentivo para as pessoas economizarem. Foi exatamente o que o FED fez durante a pandemia, assim como o Banco Central fez aqui no Brasil (lembram-se da SELIC chegando a 2%?). Atualmente, o FED está aumentando as taxas devido ao aumento da inflação nos EUA. As taxas já atingiram patamares historicamente altos, e mesmo assim, o FED insinua a possibilidade de novos aumentos. Isso tem provocado agitação nos mercados, uma vez que alguns indicadores parecem contraditórios: o mercado de trabalho nos EUA está superaquecido, mas a inflação não dá sinais de ceder, e a economia não mostra indícios de desaceleração.

O que penso disso? Em primeiro lugar, percebo que a teoria de um “pouso suave” faz mais sentido. No entanto, a pergunta que deve ser feita não é essa, mas sim o que fazer em caso de uma crise. Ninguém, absolutamente ninguém, sabe se uma crise está a caminho, mas podemos considerar esse cenário hipotético. Em caso de uma crise internacional (que parece improvável), o principal conselho é continuar trabalhando e investindo seu dinheiro. Nas crises, muitas vezes surgem as maiores oportunidades.

Nesse cenário hipotético de crise, como afetaria empresas como Apple e Microsoft, por exemplo? Poderia haver uma redução nas vendas de iPhones, mas em que proporção? 10%? 20%? A receita proveniente de serviços dessas empresas tende a ser relativamente estável. No caso da Microsoft, se as empresas enfrentarem dificuldades financeiras e interromperem a aquisição de produtos como o Microsoft 365, qual seria o impacto real na receita? Em situações críticas, isso poderia representar uma queda de cerca de 10% a 20%.

Em uma crise hipotética, os preços das ações provavelmente sofreriam quedas acentuadas, possivelmente até 30%. No entanto, é improvável que os fundamentos dessas empresas sofram quedas tão drásticas, o que criaria uma oportunidade de compra para essas ações. Isso difere das pandemias, nas quais algumas empresas podem realmente deixar de existir, como no caso de hotéis, companhias aéreas e empresas do setor de turismo em geral. Em uma grande crise, os negócios sólidos podem enfrentar desafios, mas, após alguns anos, tendem a se recuperar.

Importante notar que sempre existe um medo nos mercados macroeconômicos, independentemente da situação. O medo é constante, e a mídia frequentemente pinta o momento atual como único e excepcional.

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